Caminhar com as próprias pernas. Este é um desejo de todos aqueles que possuem espírito empreendedor, sonham nas conquistas pessoais e valorizam seu suor. Há determinados momentos da vida que somos forçados a tomar decisões e, dependendo das circunstâncias, o conflito intrapessoal impera com um turbilhão de dúvidas, insegurança, o receio do insucesso de possíveis escolhas, algo natural do ser humano. E o que dizer de um trabalhador que é obrigado a deixar seu emprego por problemas de saúde decorrentes dele, no auge de sua vida produtiva?

 

Isso aconteceu com uma pessoa muito simples, 43 anos, sendo 20 de casado, pai de uma garotinha e residente em uma área pobre da cidade, considerada de risco, bairro da Vitória, na cidade de Patos-PB. Estamos falando de João, um João dentre milhares existentes na população paraibana. João Evangelista, este é mais um caso de sucesso do Banco Estrela.

 

A estrela de João começou a brilhar quando teve que abandonar seu emprego na fábrica de alumínio São Paulo há nove anos (2002). A manipulação do metal alumínio lhe trouxe problemas de saúde e a recomendação médica era para que abandonasse a atividade. Uma das inúmeras dúvidas que chacoalharam sua mente foi o que fazer com a indenização a que tinha direito pelo tempo de serviços prestados à indústria. Sabia que tinha que utilizá-lo muito bem, não poderia desperdiçar um centavo sequer. Como ainda não tinha uma casa própria, decidiu logo dar essa segurança à família.

 

Mas, com a compra do imóvel, realizando um sonho, comum na maioria dos brasileiros, como seria daquele momento pra frente, o que fazer para a sobrevivência da família? Pensou exaustivamente até surgir a idéia de trabalhar com a venda de lanches, comércio ambulante, ser dono de seu próprio nariz. Uma boa idéia é o começo de tudo, mas faltava-lhe capital, carrocinha, enfim, não dispunha dos equipamentos necessários para colocar a idéia na prática.

 

Sua determinação foi crucial para iniciar a atividade. Percebeu que tinha R$ 10,00. Com os parcos recursos adquiriu trinta salgadinhos, comprados de um amigo que responde carinhosamente pela alcunha de Neguinho. “Eu não tinha dinheiro, experiência, não tinha nada, mas ao mesmo tempo tinha tudo para começar meu negócio: a vontade de trabalhar, de seguir em frente, de vencer”, disse com uma pontinha de orgulho Seu João Evangelista.

 

Evangelista, com todas as dificuldades que o cercavam, conseguiu impor sua vontade de crescer. Comprou frutas de época, que são mais em conta, fez sucos, porém faltava-lhe também o carrinho para transportar o lanche. Sua estrela continuou a brilhar e surge um velho amigo, Junior, que empresta um carrinho todo equipado, resolvendo temporariamente esse problema. João manteve a determinação e guardando o excedente do que apurava. Três meses depois recebeu a proposta de Junior para que comprasse seu carrinho, por R$ 300,00. O dinheiro que tinha era pouco e o amigo disse que pagasse como quisesse. Foi uma oportunidade que lhe deu maior segurança e confiança pensar sempre em crescer no ramo.

 

Neguinho não foi apenas um fornecedor, mas um grande amigo, ensinando-lhe a colocar, literalmente, a mão na massa. Depois de três anos revendendo salgados produzidos por terceiros, resolve fabricá-los, já que seu principal fornecedor não conseguia atender a demanda. Para chegar a este estádio do negócio, ao longo dos três anos foi adquirindo equipamentos, uma economia de centavo por centavo, tudo bem planejado. Tinha equipamentos, mas faltava-lhe conhecimento. O amigo Neguinho, mais uma vez,demonstrou seu apreço pelo esforço de João e ensinou-lhe, a este e sua esposa, em um único dia, o processo de fabricação dos salgados, um ensinamento bem digerido e posto em prática.

 

Após quatro anos, o progresso do empreendimento exigia mais expansão e para isso necessitava de capital de giro. As dificuldades de conseguir empréstimos com os bancos credores foram enormes devido a burocracia existente, já que se tratava de um comércio informal, gerando insucesso nessa pretensão. Uma luz apareceu. Alguns amigos, sabendo dessa necessidade de João Evangelista o convidaram para conhecer as facilidades existentes no Programa de Microcrédito Produtivo Orientado do Instituto Estrela. Novos horizontes se abriram para João. Com um grupo de quatro empreendedores tomou emprestado ao Banco Estrela, entidade de fomento para o setor informal, que visa contribuir para o sucesso de pessoas que têm um pequeno empreendimento, a quantia de R$ 500,00, isso em 2006. De lá para cá, sempre honrando seus compromissos com a instituição credora, João Evangelista já investiu R$ 8.930,00 em seu negócio, o que lhe rendeu um ponto comercial para a venda de lanches, no bairro em que mora, novos equipamentos, gerou ocupação da família e de empregos temporários em épocas de festas. Seu estabelecimento também ajuda ao comércio do bairro, fazendo circular capital na localidade, já que seus fornecedores são da própria comunidade.

 

Mesmo com sua simplicidade, João é um micro empreendedor bastante consciente de sua responsabilidade com o meio ambiente, e também com os recursos naturais renováveis. “A gente procura economizar água e energia, além do meio ambiente, nosso bolso também agradece”, diz, juntando o útil ao agradável. 

 

O espírito empreendedor de João Evangelista é inquieto. Ele já pensa em expandir seu negócio para outros bairros, e para isso conta sempre com a mão do Instituto Estrela, importante parceiro nessa sua mudança de vida. “O Instituto Estrela foi fundamental para meu crescimento profissional e pessoal. Através de seu apoio pude me capacitar e acompanhar o desenvolvimento de meu negócio”, explicou.